Depois de aproximadamente 40 semanas de gestação, a mãe já começa a sentir os sinais de que está ficando pronta para ter o parto. Durante esse período, muitas gestantes que estão acompanhadas por profissionais da saúde, recebem preparações para o momento do parto. Existem algumas formas que essa preparação pode ocorrer, em relação às questões físicas e emocionais da gestante, para que sua experiência seja a melhor possível.
Sendo assim, vamos mostras as principais formas de preparação da gestante para o parto e seus benefícios, de acordo com evidências científicas. Confira!
As boas práticas da gestante para o preparo do parto
De acordo com um texto da Tommy’s Pregnancy, há pelo menos cinco práticas que a gestante deve ter para que ela possa ter uma boa preparação.
1. Empodere-se
Durante todo o período da gestação, a mulher passa por algumas fases psicológicas específicas da gravidez. Na primeira fase, ela já precisa aceitar sua gravidez e as dificuldades que vão surgir durante todo esse processo. A mulher neste caso, pode procurar livros ou aulas específicas para gestantes sobre esse momento em que ela está passando para que ela se sinta mais confiante com o processo e mais segura de aceitar sua nova responsabilidade.
2. Prepare sua mente
Apesar do primeiro ponto ser algo que vem do preparo da mente, tome cuidado para não confundir. Quando falamos sobre preparo da mente, significa para a mulher tomar uma postura mais resiliente aos medos, histórias de partos que deram errado e a ansiedade na gestação que podem surgir. Entender que apesar de estar vivendo um momento comum a muitas mulheres, existem muito mais casos positivos do que negativos, e entender que a história dela é única e que ter uma expectativa positiva em relação ao que está por vir vai favorecer sua saúde emocional.
3. Prepare seu corpo
As atividades física, são uma ótima forma de combater o estresse e ansiedade durante a gravidez, diminuindo a incidência dos hormônios do estresse como o cortisol. Isso vale para qualquer pessoa e não é novidade para ninguém. Mas para a gestante ela também possui outros benefícios.
O parto é uma atividade que demanda resistência e energia em grandes níveis para tolerar os desconfortos e seguir com todo o processo, e pode ser exaustivo por durar algumas horas. Por isso, esse preparo do corpo, também inclui cuidados com a qualidade do sono, com a atividade sexual e a alimentação.
Uma das formas de preparo do corpo é a Yoga. Mas para falar dessa prática com propriedade, entrevistamos Ailla Pacheco, Especialista em Yoga, Psicologia e Neuro Meditação. Confira!
Quais são as principais contribuições da yoga para o dia a dia das pessoas?
É impossível descrever em poucas palavras o que é o Yoga e todos os benefícios que ele proporciona, pois são inúmeros e dependem de uma experiência subjetiva, tornando-se portanto essencial vivenciar o Yoga para então compreendê-lo.
O Yoga é uma filosofia de vida desenvolvida há mais de 5.000 anos na Índia, e ainda hoje, ele é reconhecido como um dos mais antigos e completos sistemas utilizados para a vivência do autoconhecimento. A palavra Yoga representa “religar”, “aplicar”, “união”, “comunhão” e sua prática, integra o trabalho físico, energético, mental, emocional e espiritual.
Através de posturas físicas (Ásanas), técnicas de respiração (Pranáyámas), purificação (Kriyás), relaxamento (Yoganidrá), meditação(Dhýana), princípios filosóficos(Yamas e Niyamas) e outros, o praticante amplia sua conexão consigo mesmo, sua força, flexibilidade, saúde e qualidade de vida.
Estes benefícios não são os objetivos da prática, mas sim, as consequências e resultados que se desenvolvem com o decorrer do tempo. Dentre os maiores benefícios experienciados na prática do Yoga, podemos destacar:
– Redução do estresse e da ansiedade;
– Contribuição com a saúde mental;
– Aumento da qualidade de vida;
– Desenvolvimento do autoconhecimento;
– Estimulo a auto-análise e ao auto-gerenciamento;
– Aumento do foco e da concentração.
A yoga pode ser feita por gestantes?
Sim, porém, neste caso, é importante que o profissional seja especializado em Yoga para gestantes e que trabalhe individualmente com suas alunas já que cada uma se encontra em uma fase gestacional diferente e naturalmente, terá necessidades diferentes.
Existe algum momento da gestação em que a mulher não pode praticar yoga?
Não. Pode-se praticar Yoga em qualquer fase gestacional, entretanto, os 3 primeiros meses exigem cuidados especiais.
É sempre importante que o Professor de Yoga estude o caso clínico de cada aluna, consultando o profissional da medicina que a acompanha, objetivando descobrir se existe alguma restrição física para a prática da aluna.
Mesmo quando a aluna tem restrições físicas, pode-se explorar outras técnicas do Yoga, como por exemplo, a respiração e a meditação. Por isso, é tão importante que o professor seja especializado, para compreender as diferentes demandas que podem surgir e como realizar as adaptações necessárias.
Agora que esse ponto está explicado, vamos para a próxima prática de preparo da gestante para o parto.
4. Pratique técnicas de relaxamento
Outra boa prática é o uso da prática de técnicas de relaxamento com a respiração controlada. Elas possuem o potencial de controlar os níveis de ansiedade e manter a gestante em um estado maior de tranquilidade.
Há três técnicas que podem ser efetuadas para esse propósito.
Uma delas é o Relaxamento Progressivo de Jacobson. Nessa técnica, a gestante é estimulada a contrair músculos específicos do corpo e relaxar, começando pelos pés, depois pelos músculos da perna e indo nesse sentido de baixo para cima, três vezes. O importante é fazer isso ao mesmo tempo que respira, sendo na contração ela inspirar, e quando expirar, relaxar. Isso faz com o que a gestante possa assimilar essas contrações musculares no momento do parto para que ao sentir uma contração ela inspire, e ao relaxar expire.
Já a Resposta de Relaxamento Benson, possui uma aplicação rápida e sem preparo prévio. Ela funciona com sugestões verbais, como mantras que são repetidas constantemente para guiar a expiração e a inspiração. Um exemplo de mantra seria a palavra “um” que sempre será mencionada na hora de expirar.
A terceira e última, é o Treinamento Autogênico de Schultz. É uma espécie de prática de auto hipnose para que a gestante coloque sugestões para si mesma com palavras, pesos, calor, contrações, para controlar partes do corpo de baixo para cima.
5. Procure saber mais sobre o planejamento do parto
Tirar todas as dúvidas sobre o processo do parto é algo importante, até para que a gestante possa se sentir mais preparada para o parto. Além disso, de acordo com o hospital australiano The Womens, é importante que a gestante possa inserir alguns de seus desejos durante o planejamento do parto. Veja algumas sugestões de perguntas que podem ser respondidas:
- Você gostaria de fazer um parto normal?;
- Gostaria que ele fosse o mais natural possível?;
- Gostaria que algum aliviador da dor estivesse disponível?;
- Tem preferência por algum analgésico do que outro?;
- Que tipo de suporte você gostaria de ter?;
- Quem você gostaria que estivesse no seu parto?;
- Gostaria que seu parto fosse na água (no chuveiro ou na banheira)?;
A Hipnose como preparação da gestante para o parto
De acordo com a publicação da Revista Brasileira de Enfermagem, Grantly Dick Read ao observar um caso de uma gestante que não teve dores no parto, mesmo sem anestésicos, simplesmente por acreditar que o parto não deveria doer e que não iria sentir dor, o fez estudar sobre as aplicações da hipnose para a preparação da gestante para o parto.
Em um dos seus estudos, Read encontrou conclusões sobre a tríade “Medo – Tensão – Dor” como sendo a responsável pelo desconforto e pela dor no parto. Ele afirma que vão existir fatores que influenciam na dor no parto da mulher, pois contribuem para intensificar sentimentos de medo e angústia. Esses fatores podem ser a superstição, a civilização e a cultura.
A partir disso ele iniciou um desenvolvimento da ideia, mostrando como poderia atingir essa tríade para que a gestante não sentisse dor. Uma de suas afirmações foi sobre a respiração, pois parecia ser um caminho importante para uma boa saúde. Ele desenvolveu exercícios respiratórios para diminuir a tensão física e emocional da mulher, tornando o parto natural mais fácil e com isso, reduzindo a dor do corpo da mulher.
Segundo a American Psychological Association (APA), com pequenas considerações da Sociedade Brasileira de Hipnose (SBH), a hipnose pode ser definida como um estado de consciência [induzido intencionalmente] que envolve atenção concentrada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão. Nesse estado, o sujeito é conduzido a experimentar mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento [orientado a um objetivo].
A partir desse conceito, a hipnose pode ser usada desde o início da gravidez e ela pode proporcionar benefícios em vários níveis.
Um estudo da University of Arizona College of Medicine, com o nome “Hypnosis to Facilitate Uncomplicated Birth”¹, demonstrou ao colocar mulheres que sofreram preparos para o parto com a hipnose, que elas tiveram alívios maiores para enjoos, ansiedades, medos e crenças negativas, além de menor sensação de dores e outros desconfortos.
Também tiveram um número reduzido de partos por meio de cesáreas, uso de ocitocina para a indução do parto e redução no uso de sedativos, analgésicos e anestésicos.
¹(Lewis E. Mehl-Madrona MD, PhD (2004) Hypnosis to Facilitate Uncomplicated Birth, American Journal of Clinical Hypnosis, 46:4, 299-312)
Veja a tabela abaixo com os resultados obtidos.
Sendo assim, a hipnose intensifica as boas práticas na preparação da gestante para o parto, promovendo resultados que não necessitam de medicações. Isso mostra como a hipnose pode ser um facilitador no processo da gestação e na promoção de melhores experiências para a mulher. Entretanto, é importante ressaltar que é sempre necessário que a gestante consulte ao seu médico de confiança sobre procedimentos e acompanhamentos terapêuticos na hora do parto!
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