A amamentação é um momento único e de enorme importância tanto para a mãe quanto para o bebê. Quando surgem dúvidas sobre a produção de leite materno, é comum que a família, amigos e conhecidos tragam conselhos populares e crenças transmitidas de geração em geração. Uma das mais conhecidas é a ideia de que comer canjica faz aumentar a produção de leite materno.
Esse tema desperta curiosidade porque, além de estar presente no folclore familiar, aparece com frequência em rodas de mães, fóruns de internet e até em consultas médicas quando a ansiedade da lactante traz à tona a preocupação: “será que estou produzindo leite suficiente para o meu bebê?”.
Mas até que ponto essa afirmação tem base científica? É fato ou apenas mito? Para responder essa pergunta, precisamos analisar a diferença entre recomendações baseadas em evidências científicas e aquelas que vêm da cultura popular. Embora a canjica seja um alimento tradicional e nutritivo, sua relação direta com o aumento da produção de leite merece ser discutida com clareza.
Vale lembrar que o leite materno é resultado de processos fisiológicos complexos, influenciados por hormônios, estado nutricional da mãe, frequência da amamentação e aspectos emocionais. Portanto, simplificar esse fenômeno a um único alimento nunca é suficiente. Ainda assim, não se pode ignorar o conforto emocional que algumas comidas trazem, já que bem-estar e redução do estresse podem, sim, ajudar indiretamente no processo de amamentação.
Neste artigo, vamos explorar o que a ciência diz sobre o assunto, quais fatores realmente estimulam a produção de leite e como costumes como comer canjica entram nesse contexto. Assim, você poderá entender melhor a relação entre alimentação, emoção e fisiologia materna, tendo informações confiáveis para tomar decisões mais conscientes.
Mito ou realidade sobre a canjica e amamentação
A crença de que comer canjica faz aumentar a produção de leite materno vem, sobretudo, da tradição popular brasileira. Nas famílias é comum transmitir receitas, mimos e conselhos pós-parto: bolos, mingaus e pratos quentes aparecem como sinais de cuidado. Esses hábitos criam uma forte carga afetiva e simbólica em torno da canjica.
Apesar disso, não há comprovação científica de que a canjica, por si só, aumente a produção de leite. A ideia passa de geração em geração como tradição e relato pessoal, sem testes controlados que mostrem efeito direto. Ou seja, é mais um costume cultural do que uma evidência médica.
Para entender o que realmente regula a lactação, é útil conhecer dois hormônios principais:
- Prolactina: responsável pela produção do leite nas glândulas mamárias.
- Ocitocina: facilita a ejeção do leite, o chamado reflexo de descida.
Ambos são estimulados pela sucção do bebê e pelo contato pele a pele, não por um alimento específico.
A produção segue a lei da oferta e da procura: quanto mais o bebê mama, mais sinal químico o corpo recebe para produzir leite. Fatores como frequência de pega, conforto da mãe, sono e redução do estresse têm papel maior do que alimentos isolados.
Portanto, a canjica pode ter valor afetivo e algum valor nutricional, mas não deve ser vista como “milagre” para aumentar leite. Coma se quiser por prazer e cuidado, e confie nas práticas comprovadas — sucção e contato — para estimular a amamentação. Se houver dúvidas, procure orientação profissional de saúde. A informação correta ajuda e acolhe sempre.
O que a ciência comprova sobre alimentos e leite materno
Não há evidência científica de que comer canjica faz aumentar a produção de leite materno. Tradições e crenças são poderosas, mas não substituem estudos controlados.
O que a ciência comprova é que não existe um alimento mágico. Estudos e orientações de órgãos como o Ministério da Saúde e associações de pediatria focam em práticas e cuidados, não em receitas milagrosas.
Fatores reconhecidos que favorecem a amamentação:
- Boa hidratação — beber conforme a sede e durante as mamadas.
- Frequência da mamada — sucção frequente e esvaziamento regular estimulam a produção.
- Descanso adequado — sono e pausas ajudam recuperação e energia.
- Contato pele a pele — favorece liberação de sinais hormonais e vínculo.
- Apoio emocional — suporte familiar e profissional reduz ansiedade e facilita a amamentação.
- Posicionamento e pega corretos — melhoram esvaziamento e evitam dor.
- Acompanhamento profissional — orientação de pediatras e consultoras de amamentação.
Uma alimentação balanceada é essencial para a saúde da mãe e do bebê; fornece nutrientes, ajuda a recuperar o organismo e mantém a energia. Ainda assim, alimentos isolados — como canjica, cerveja preta ou certos chás — não têm comprovação científica para aumentar a produção de leite.
Se comer canjica traz conforto emocional ou faz parte de um ritual familiar, isso pode ajudar indiretamente, pois bem-estar reduz estresse. Porém, não deve ser usado como estratégia única para aumentar leite.
Procure orientação de profissionais de saúde e materiais oficiais, como o Ministério da Saúde, para práticas seguras e sempre baseadas em evidência.
Aspectos emocionais e culturais da alimentação materna
As emoções e as tradições culinárias têm papel importante no tempo da amamentação. Receber pratos afetivos, como a canjica, pode fazer a mãe sentir-se cuidada, acolhida e menos só num momento de adaptação.
Quando a família traz comida tradicional, muda o clima ao redor. Um ambiente calmo e de apoio reduz tensão e aquela sensação de “estar sempre alerta”. Isso facilita que a mãe relaxe antes e durante a mamada. Por isso a ideia de que comer canjica faz aumentar a produção de leite materno surge: não por um efeito mágico do alimento, mas pela melhora do bem-estar emocional que acompanha o gesto.
Pequenos sinais importam muito:
- Sentir-se apoiada
- Rituais familiares que trazem conforto
- Conversas tranquilas e companhia
Gestos simples — um abraço, partilhar a canjica enquanto conversam, acender uma vela ou ouvir uma música calma — podem modular o humor e diminuir sinais de alerta no corpo. Isso cria espaço para uma amamentação mais serena e confiante.
A SBH lembra que estresse e ansiedade podem atrapalhar a produção de leite. Assim, práticas que promovem prazer e relaxamento — uma refeição gostosa, pausas, técnicas respiratórias ou hipnose científica — atuam na redução dessas barreiras emocionais. Não se trata de “reprogramação mental” nem de promessas milagrosas.
Essas ferramentas fortalecem a confiança materna e criam condições mais favoráveis para a amamentação. Em resumo: o valor da canjica pode estar no cuidado e no acolhimento que ela representa, ajudando indiretamente a mãe a sentir-se mais tranquila e presente durante o aleitamento.
Hipnose científica como apoio no período de amamentação
A hipnose científica é um estado de atenção concentrada, com redução da consciência periférica e maior responsividade à sugestão, segundo a definição adotada pela SBH. Em prática clínica, isso favorece exercícios de relaxamento, respiração e imagens guiadas que aliviam tensão e medo.
Mães que se perguntam se “comer canjica faz aumentar a produção de leite materno” devem saber que alimentos, rituais e apoio emocional ajudam a sensação de bem-estar. A hipnose não age como alimento: ela não aumenta o leite por si só. No entanto, ao reduzir o estresse, pode melhorar o ambiente hormonal e comportamental favorável à lactação.
Entre os efeitos práticos estão a redução da dor percebida, a diminuição de pensamentos intrusivos sobre desempenho e a maior confiança durante as mamadas. Técnicas simples, aplicadas por profissionais qualificados, favorecem a postura calma da mãe, o contato pele a pele e a sequência de comportamentos que sustentam a amamentação.
Sessões de hipnose clínica para amamentação costumam focar em técnicas de relaxamento, ancoragem de confiança e reforço de rotinas de autocuidado. Elas são adaptáveis ao tempo da mãe e podem ser realizadas individualmente ou em pequenos grupos com profissionais certificados. Evidências indicam benefícios para bem-estar materno, o que favorece práticas de amamentação sustentáveis e integração com cuidados.
É crucial frisar: não há promessas milagrosas. A hipnose complementa, não substitui, cuidados obstétricos, orientação de amamentação ou acompanhamento nutricional. Sua utilidade está em reduzir barreiras emocionais — ansiedade, medo, tensão — que muitas vezes atrapalham a produção de leite.
Profissionais de saúde, ao conhecerem a hipnose científica, ampliam seu repertório ético e baseado em evidências para apoiar mães com sofrimento emocional, insegurança ou dor. Investir nessa formação fortalece a prática centrada na família.
Conclusão
Ao longo deste artigo, vimos que comer canjica não aumenta a produção de leite materno. Essa crença popular vem de tradições culturais, mas não encontra respaldo na ciência. O que realmente estimula a produção de leite é a sucção frequente do bebê e a liberação de hormônios como a prolactina e a ocitocina.
Ainda assim, alimentos como a canjica têm grande valor afetivo e podem trazer conforto emocional, que indiretamente ajuda a reduzir a ansiedade da mãe. Isso é importante, já que estresse e tensão podem interferir negativamente na amamentação. Nesse sentido, práticas que promovem bem-estar se tornam aliadas relevantes.
Reforçamos que não existem fórmulas milagrosas nem alimentos específicos para aumentar o leite. O que há são estratégias comprovadas, como boa hidratação, descanso, apoio emocional e confiança no processo de amamentação. E, assim como a alimentação balanceada, outras práticas integrativas podem colaborar positivamente.
Nesse contexto, a hipnose científica aparece como uma ferramenta complementar que ajuda mães a enfrentarem a ansiedade e o medo, favorecendo um estado de calma e confiança. Considerando a missão da Sociedade Brasileira de Hipnose, esse tipo de abordagem é sempre pautado na ciência, na ética e no compromisso com a saúde materna.
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Perguntas Frequentes
Comer canjica realmente faz aumentar a produção de leite materno ou é apenas tradição?
Comer canjica não tem comprovação científica de aumentar a produção de leite materno. A crença vem da tradição familiar e do cuidado afetivo que a comida representa. O que regula a lactação são hormônios como prolactina e ocitocina, estimulados pela sucção do bebê e pelo contato pele a pele. Ainda assim, a canjica pode trazer conforto e reduzir o estresse, o que indiretamente favorece a amamentação. Para dúvidas sobre produção, procure orientação de um profissional de saúde.
Que fatores comprovados pela ciência influenciam mais a lactação do que alimentos isolados?
Os fatores mais relevantes são a frequência das mamadas, o esvaziamento das mamas, a pega correta e o contato pele a pele. Boa hidratação, descanso e apoio emocional também são importantes. Organizações como o Ministério da Saúde e sociedades pediátricas apontam que a “lei da oferta e da procura” é chave: quanto mais o bebê suga, mais leite se produz. Alimentação balanceada sustenta a saúde da mãe, mas não existe um alimento mágico que garanta aumento isolado da produção de leite.
Como o contato pele a pele e a sucção do bebê atuam na produção de prolactina e ocitocina?
A sucção ativa receptores na aréola que enviam sinais ao hipotálamo e à hipófise, liberando prolactina e ocitocina. A prolactina estimula a síntese de leite nas glândulas mamárias; a ocitocina provoca a ejeção do leite (reflexo de descida). O contato pele a pele aumenta a liberação de ocitocina, reduz o estresse e melhora o vínculo. Esses mecanismos fisiológicos são comprovados em estudos e guias clínicos e explicam por que a sucção e o vínculo têm efeito direto sobre a produção de leite.
A canjica pode ajudar indiretamente a amamentação por reduzir o estresse e trazer conforto?
Sim. A canjica atua mais como símbolo de cuidado e conforto do que como agente fisiológico. Receber alimentos afetivos melhora o humor, reduz tensão e cria um ambiente de apoio familiar. Esse contexto emocional facilita relaxamento e a liberação de ocitocina, o que ajuda a amamentação. A Sociedade Brasileira de Hipnose e outras entidades reconhecem que reduzir o estresse favorece a lactação. Ainda assim, esse efeito é indireto e não substitui práticas comprovadas como sucção frequente e apoio profissional.
Existem alimentos, chás ou suplementos comprovados que aumentem a produção de leite materno?
Não há consenso científico sobre alimentos milagrosos. Alguns chamados galactagogos, como feno-grego, são usados tradicionalmente, mas as evidências são limitadas e podem ter efeitos colaterais. Chás e bebidas populares não têm comprovação robusta. Guias do Ministério da Saúde e sociedades médicas recomendam priorizar alimentação equilibrada, hidratação e medidas de amamentação. Antes de usar suplementos ou ervas, converse com um profissional de saúde, pois podem interagir com medicamentos e afetar a mãe ou o bebê.
Quando procurar orientação profissional se eu achar que minha produção de leite está baixa?
Procure ajuda se o bebê estiver ganhando pouco peso, tiver menos fraldas molhadas, ou se você sentir dor, ingurgitamento persistente ou insegurança sobre a pega. Busque um pediatra, consultora de amamentação ou unidade básica de saúde o quanto antes; intervenções precoces costumam ser mais eficazes. Profissionais podem avaliar a técnica de amamentação, oferecer orientações práticas, verificar sinais clínicos e indicar apoio nutricional ou emocional. Não espere semanas se houver sinais de perda de peso no bebê.
Como a hipnose científica pode complementar o apoio emocional durante a amamentação?
A hipnose científica oferece técnicas de relaxamento, respiração e imagens guiadas para reduzir ansiedade e melhorar o foco durante as mamadas. Não aumenta o leite diretamente, mas pode diminuir barreiras emocionais que atrapalham a liberação de ocitocina e a experiência de amamentar. Realizada por profissionais certificados, ela complementa orientações médicas e de consultoria em amamentação. A Sociedade Brasileira de Hipnose reforça seu uso ético e baseado em evidências como ferramenta complementar ao cuidado materno.